Eu adoro as poesias e a prosa da Adélia Prado. Mineira, ela nasceu em 1935 e começou a publicar em 1976. Meu primeiro contato com a prosa de Adélia foi através de uma revista Casa Claudia, há muitos anos, quando foi publicado na última página um relato cheio de amor sobre a mudança de Adélia e de seu recém marido para uma nova cidade e de como o marido fora gentil em relação aos móveis simples que eles possuiam. Através daquele texto conheci a autora e, através dela me interessei pela poesia em geral. Desde então faço intevalos nas minhas leituras de romances e livros técnicos com livros de poesia. Na minha modesta opinião, é muito difícil ler poesia, pois requer uma sensibilidade além das palavras. Há versos que tem que ser relidos diversas vezes para serem entendidos e eu gosto disso, de ler e reler, de sentir a emoção do escritor. E a poesia se presta para isso, é para ser degustada aos poucos. Acho que por isso ela vem em doses homeopáticas.
Uma amostra, para quem não conhece Adélia ainda:
Exausto
Eu quero uma licença de dormir,
perdão de descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o profundo sono das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.
Extraído do livro "Bagagem" 22ª ed. 2003 Editora Civilização Brasileira
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